Sim, sim, fico bem!

Com o sorriso teatral, saiu-lhe o já habitual: "sim sim, fico bem, claro!"

Seguiu-se um unico som: "Clic".

E um zumbido ensurdecedor encheu-lhe os ouvidos retirando-lhe o equilibrio; as gotas de suor começaram a descer pelo seu corpo como se fossem rios e as mãos encheram-se de água como se fossem lagos. Os batimentos cardíacos magoavam-lhe a pele. Parecia que aquele coração queria saír dali e lutava com todas as suas forças para rasgar as barreiras que o impediam de saltar cá para fora.

As estrelas começaram a cintilar e finalmente chegou o (quase) sufoco. A garganta começou a apertar e a rolha a inchar, deixando passar apenas aquele fio de ar, impeditivo do sufoco total. Não respira, arfa!

Sentou-se só. Encostou-se à parede fria na vã tentativa de arrefecer aquele corpo em chama.
Com o mesmo sorriso teatral, trabalhou a recomposição da personagem: inspira, expira e volta a inspirar o mais profundamente que consegues.Faltou-lhe o ar, mas teimou que ia conseguir respirar.

Por dentro o caos.
Por fora, pintou o nariz de vermelho, levantou os cantos da boca e seguiu viagem!