Thursday, May 29, 2008

Perfeito

Pacheco + Manguito = Perfeição
:D

Wednesday, May 28, 2008

Previsões

Com as couves e a batata para a sopa, D. Zulmira sobe a calçada em passo lento e pesado.
Tão pesado como as dores da sua vida, que queimaram aquilo a que um dia chamaram coração e hoje, não passa duma urna de cinzas sem vontade de palpitar.
Os gatos da rua conhecem-na bem. Duas vezes por dia vai lá dar-lhes os restos da sua solitária sopa... e contar-lhes as novidades que não tem. Inventa sempre uma história nova, que conta com um sorriso rasgado e de olhos desbotados como as memórias doces que teima em não abandonar. Enquanto comem e a ouvem, a anacoreta D. Zulmira alivia a sua mágoa e exercita as cordas vocais que mal se lembram do quanto vibraram em tempos que já lá vão.

Thursday, May 8, 2008

Não há pachorra

Sabemos todos que não devemos desejar, ansiar, sonhar, voar e essas tretas terminadas em ar que, tal como a terminação o indica, são extremamente voláteis, invisiveis e deambulantes.
No entanto, ninguém o consegue deixar de fazer.
(A não ser, talvez, os monges budistas com anos e anos de treino e aqueles a quem a vida já fez o favor de destruir o coração)
Vivemos constamente na corda bamba entre o conforto da certeza e a dor das duvidas e dos "filmes" que o nosso cérebro desenvolve e refina.
Não há pachorra para fingir que está tudo bem. Não há pachorra para pensar: é desta!
Não há pachorra para sorrir durante 5 minutos e fazer cara séria o resto do dia.... isto na melhor das hipóteses, porque há dias que nem se percebe o porquê do acto de sair da cama.
Não há pachorra para correr atrás.
Não há pachorra para arranjar mais desculpas para correr atrás.
Não há pachorra para dizer: oh, que se lixe!
Que se lixe o caraças! Porque a história do mexilhão já conhecemos todos muito bem.
E por vezes ponho-me na praia no meio das rochas e apanham-me juntamente com os outros mexilhões todos! Estou completamente camuflada.
Procuro um vulcão de amor que não sei se alguma vez vou encontrar. Gostava de poder queixar-me de saber o que é isso dos ciumes exacerbados, das flores à porta de casa, do pequeno almoço na cama, das 200000 mensagens por dia a dizerem coisas tão bonitas que me deixam ruborizada... Procuro um cavaleiro andante que se perdeu no século XVIII e aínda não encontrou um corpo onde reencarnar. Será que o vou encontrar antes de servir de alimento pros bichos da terra?!
Será que vou resistir tanto tempo?
Já começo a falar sozinha e nem reparo.
Seco-me cada vez mais a cada dia que passa... o que mais desejo, mais longe está e vivo apenas da memória daquilo que a vida me deu a cheirar em tempos que já lá vão e que por mais que me esforce não consigo recalcar.
A felicidade daquela época, nunca mais a voltei a encontrar.... ou talvez sim. Mas foi durante tão pouco tempo que não passou mesmo disso: um cheirinho para avivar memórias que deviam continuar adormecidas.
A rolha na garganta é uma constante. O corpo anda tão cansado que os pés se arrastam e tropeçam ao subir os passeios. Não conseguem elevar-se mais. Estão cansados e desiludidos da dança entre um e outro. Querem mais dois que os permitam voar. Assim sozinhos, não têm mais forças. Assim sozinhos, são efermos.... e não é pela força que possam ter 4 pés juntos. É pela certeza de saberem que têm onde cair, naquele momento em que por ironia do destino, as forças começam a escassear...
Prisão para uns, liberdade para outros.
É tudo uma questão de pontos de vista.
Onde uns vêm complicação e prisão, outros vêm simplicidade e liberdade
A liberdade do amor para mim. A prisão do amor para ti.
Não há pachorra pra tanta diferença.
Não há pachorra pra tão pouca procura.
Logo eu que passo a vida a vasculhar o lixo em busca de preciosidades que ninguém mais quer.
Os tesouros que se deitam fora.
Como é que se deita um tesouro fora?!
Cansada, muito cansada de não ter. Muito cansada de fingir, demasiado cansada de compreender e dizer: amen.
2 MESES!?
Então e eu?!
Não importa pois não?! Pois eu: não tenho pachorra para monólogos!
Non voglio vederti mai piu!
Non voglio vederti ne anche nei miei incubi!