Tão pesado como as dores da sua vida, que queimaram aquilo a que um dia chamaram coração e hoje, não passa duma urna de cinzas sem vontade de palpitar.
Os gatos da rua conhecem-na bem. Duas vezes por dia vai lá dar-lhes os restos da sua solitária sopa... e contar-lhes as novidades que não tem. Inventa sempre uma história nova, que conta com um sorriso rasgado e de olhos desbotados como as memórias doces que teima em não abandonar. Enquanto comem e a ouvem, a anacoreta D. Zulmira alivia a sua mágoa e exercita as cordas vocais que mal se lembram do quanto vibraram em tempos que já lá vão.
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:)
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