Thursday, May 8, 2008

Não há pachorra

Sabemos todos que não devemos desejar, ansiar, sonhar, voar e essas tretas terminadas em ar que, tal como a terminação o indica, são extremamente voláteis, invisiveis e deambulantes.
No entanto, ninguém o consegue deixar de fazer.
(A não ser, talvez, os monges budistas com anos e anos de treino e aqueles a quem a vida já fez o favor de destruir o coração)
Vivemos constamente na corda bamba entre o conforto da certeza e a dor das duvidas e dos "filmes" que o nosso cérebro desenvolve e refina.
Não há pachorra para fingir que está tudo bem. Não há pachorra para pensar: é desta!
Não há pachorra para sorrir durante 5 minutos e fazer cara séria o resto do dia.... isto na melhor das hipóteses, porque há dias que nem se percebe o porquê do acto de sair da cama.
Não há pachorra para correr atrás.
Não há pachorra para arranjar mais desculpas para correr atrás.
Não há pachorra para dizer: oh, que se lixe!
Que se lixe o caraças! Porque a história do mexilhão já conhecemos todos muito bem.
E por vezes ponho-me na praia no meio das rochas e apanham-me juntamente com os outros mexilhões todos! Estou completamente camuflada.
Procuro um vulcão de amor que não sei se alguma vez vou encontrar. Gostava de poder queixar-me de saber o que é isso dos ciumes exacerbados, das flores à porta de casa, do pequeno almoço na cama, das 200000 mensagens por dia a dizerem coisas tão bonitas que me deixam ruborizada... Procuro um cavaleiro andante que se perdeu no século XVIII e aínda não encontrou um corpo onde reencarnar. Será que o vou encontrar antes de servir de alimento pros bichos da terra?!
Será que vou resistir tanto tempo?
Já começo a falar sozinha e nem reparo.
Seco-me cada vez mais a cada dia que passa... o que mais desejo, mais longe está e vivo apenas da memória daquilo que a vida me deu a cheirar em tempos que já lá vão e que por mais que me esforce não consigo recalcar.
A felicidade daquela época, nunca mais a voltei a encontrar.... ou talvez sim. Mas foi durante tão pouco tempo que não passou mesmo disso: um cheirinho para avivar memórias que deviam continuar adormecidas.
A rolha na garganta é uma constante. O corpo anda tão cansado que os pés se arrastam e tropeçam ao subir os passeios. Não conseguem elevar-se mais. Estão cansados e desiludidos da dança entre um e outro. Querem mais dois que os permitam voar. Assim sozinhos, não têm mais forças. Assim sozinhos, são efermos.... e não é pela força que possam ter 4 pés juntos. É pela certeza de saberem que têm onde cair, naquele momento em que por ironia do destino, as forças começam a escassear...
Prisão para uns, liberdade para outros.
É tudo uma questão de pontos de vista.
Onde uns vêm complicação e prisão, outros vêm simplicidade e liberdade
A liberdade do amor para mim. A prisão do amor para ti.
Não há pachorra pra tanta diferença.
Não há pachorra pra tão pouca procura.
Logo eu que passo a vida a vasculhar o lixo em busca de preciosidades que ninguém mais quer.
Os tesouros que se deitam fora.
Como é que se deita um tesouro fora?!
Cansada, muito cansada de não ter. Muito cansada de fingir, demasiado cansada de compreender e dizer: amen.
2 MESES!?
Então e eu?!
Não importa pois não?! Pois eu: não tenho pachorra para monólogos!
Non voglio vederti mai piu!
Non voglio vederti ne anche nei miei incubi!

1 comment:

Susana said...

dai....
no sei l´unica...
anch´io sono stanca...