Wednesday, June 18, 2008

Autista

Na solidão infinita dos teus devaneios de vida, continuas isolada do mundo.
A imaginação confunde-se com a realidade e perdes a noção daquilo que vives e do que não passa de um sonho... a "esperança" é somente uma palavra do teu dicionário empobrecido, cada vez mais negro e oco. Os dias passados entre 4 paredes, isolada do mundo por vontade própria (ou não), dão-te o conforto da ausência de perguntas, dos olhares indiscretos, das conversas de circustância e do silêncio que procuras, mas não consegues ter... As centenas de vozes que, sem cessar, sussuram e gritam aos teus ouvidos de tísica. Graves, agudas, estridentes. São histéricas, são loucas e dementes. Doenças dos teus inadaptados. Cada vez mais autoctones do teu mundo. Vozes criadas nos teus momentos de solidão diária: intensos e frequentes como o teu planeta autista não diagnosticado.
Essa cave onde vives, que a cada nascer do sol se entrenha mais em ti e te afasta da realidade que não consegues suportar, que não consegues compreender, que nunca quiseste para ti. Nunca aprendeste a lidar com o real, nunca acreditaste que o real pudesse alguma vez ser: tão cão, tão triste, tão só. Nunca ganhaste a sabedoria de vida e dentro do imponente invólucro de aço que ostentas, esconde-se a palavra que mais temes: frágil!
Onde é que isto vai parar?!
Ninguém tem paciência para gente deficiente!

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