Thursday, August 23, 2007

Quero férias!

Bocejo.
Esfrego os olhos em jeito de mimo preparativo para outra noite de sono revigorante... no entanto, acabei de acordar.
O corpo cansado ao estilo alentejano, procura um banco confortável para recuperar as forças que aínda nem começou a usar.
A cabeça lateja com a mesma intensidade de ontem à noite: altura em que a encostei à almofada na esperança de a fazer descansar. Quero deixar de ouvir estas vozes todas cá dentro, que sussurram e gritam quase em uníssono. Correm como se fossem milhares de particulas histéricas que se esbarram contra as paredes. Tentam saír. Rasgar. Estraçalhar-me o crânio em milhares de pedaços mais pequenos que o pó.
GRITAM em altos berros. Fico surda.

Quero um momento de silêncio, o branco, a leveza. A paz!
As ideias constantes, massacram-me o cérebro: transformado num farrapo velho que a lavadeira esfrega com afinco no tanque de cimento. Áspero, frio, dolorosamente rugoso. Arranha! A dor!
Estou exausta.

Erros do passado e do presente atormentam-no constantemente. As vozes, as frases, as atitudes de que me arrependo, saltam-me aos olhos em flashes de luz. Não os consigo ultrapassar. Não vejo mais nada.
Depois é a vez das dores provocadas por terceiros me cegarem. Passados tão longínquos que já deviam estar esquecidos ainda conseguem saltar até ao presente. Remorsos: do meu silêncio, da minha cobardia, do meu radicalismo.

Entretanto chegam os sonhos e entusiasmos de sempre, de agora e do futuro. Cuja magia cintilante não lhe dá descanso também. A expectativa, a emoção, a necessidade de marcar, de ficar, de ser mais e mais e mais.... Não há permissão para a paz entrar.
Por fim vem o famoso medo... tão preto e firme. Fedorento e nauseabundo como o enxofre e o metano juntos. A bomba que tento ignorar mas aínda não consigo. Nos gestos todos que faço e naqueles que evito... Não consigo fugir-lhe: o erro! Fantasmas que vivem no meu ombro, nos meus calcanhares.

Os sintomas espalham-se pelo corpo: a garganta vive apertada, o estômago anda às voltas e os enjoos são constantes. As mãos suam e dos sovacos caem gotas em forma de enxurrada. A arritmia cardíaca já nem sinto: tornou-se um hábito.

Das coisas que precisam saír daqui, aínda não sei quais são. Ou se calhar, só não as quero encarar! Como só os fortes dos meus ideias o conseguem fazer.
Quero ser como eles! Um dia.... forte e finalmente a paz!
Não falo de felicidade ou tristeza, de amor ou ódio ou qualquer outra emoção forte. Falo de paz, tranquilidade, silêncio: conforto interior!
A ânsia de lá chegar consome-me. A necessidade de encontrar as botas das 7 léguas.... e poder trocá-las pelo chumbo que tenho nos pés. O caminho é lento. E eu sou tão acelerada.... A paciência que só conheço de ler nos dicionários. Vocábulo mais esquisito que não consigo encaixar em mim. O tempo voa e aínda há tanto que quero viver!!! E ele não espera por mim.
O cansaço que me atrasa e acaba por bloquear.
A paz que teima em não chegar.
QUERO FÉRIAS..... DE MIM!!

1 comment:

Bárbara said...

Oferece-se casa pequena mas acolhedora para a Pipas poder tirar férias!
Aperto-te tanto que hás de desejar ter férias...DE MIM!!!!

Beijios gordos